domingo, 4 de outubro de 2009

The prince of love. ( Parte I )



Ouvia-se passos pelo corredor longo e escuro.
Aflição.Medo.
Não sabia do que estava correndo,nem o motivo, mas seu subconsciente avisava-lhe de que era necessário tomar tal medida no momento.A frente, havia um lance de escadas da qual não se via o fim, era a única saída visível. Uma chance, um caminho.
No fim do trajeto sombrio e medonho, uma pequena porta de madeira encontrava-se ao lado de uma janelinha quebrada e velha, onde feixos de luz atravessavam a sala enorme, chegando um pouco antes de alcançar a parede.Algo movia-se na sombra, sem que se pudesse ver o rosto, ou alguma característica que pudesse proporcionar reconhecimento.Não havia nada.Os passos aproximavam-se cada vez mais rápido. Serena não conseguia abrir a porta ou a janela, seu medo aumentava cada vez mais com a velocidade dos passos. Seu coração os acompanhava, parecendo que saltaria pela garganta caso abrisse a boca.
Silêncio.
Os passos cessaram e uma presença forte ocupava a sala.Parecia que seu coração havia parado junto a eles, não sentia mais nada no momento, a não ser uma mão fria e pesada alcançar seus ombros. Assim que virou-se pra trás, viu dois grandes olhos brigando com a escuridão que havia ao seu redor. Tentava gritar, mas nada parecia sair de sua garganta. Assim que ele a soltou, caiu em seus braços, apertando-na forte, tão forte, que suas grandes unhas entraram em sua carne fazendo com que seu sangue começasse a escorrer por seu corpo, fazendo uma poça enorme abaixo de seus pés.
Ela não ligava. Aguentava sua dor sozinha, sem gritar, sem chorar. Não tentava soltar-se dos braços dele, simplesmente aceitava, quando sentiu algo entrar por suas costas e não aguentando mais, gritou.

_ O que aconteceu, Serena? - Sua irmã mais nova perguntou ao dispertar com os gritos.
_ Nada, nada mesmo. - Respondeu, tentando acalmar-se, mas seu coração não parava de acelerar cada vez mais.
_ Tente voltar a dormir então, Si, você tem aula amanhã cedo.
_ Ok.


5h40.
Serena levantava depois de mais uma noite em claro, em que teve algum sonho bizarro durante um pequeno intervalo de tempo.Não dormia direito, não comia direito, não vivia. Tudo estava de pernas pro ar, seus pais não largavam mais de seus pés, amigos indo embora, namoro terminando,escola prestes a acabar... Tudo parecia estar fora do lugar.Não conseguia mais se achar após uma longa busca dentro de si mesma, onde numa dessas, acabou por se perder em algum lugar do labirinto de caos que se formava a cada vez que o sol nascia.
Não aguentava mais. Não aguentava a vida, nem pessoas felizes, estava tornando-se uma pessoa amargurada e mesquinha, onde só visava o bem próprio e não dos outros, onde o material é mais importante que os sentimentos, onde não há lugar pra amor, carinho ou qualquer tipo de afeto.Estava tornando-se niilista junto com a frieza que congelava e diminuia seu coração a cada dia. Perguntava-se todos os dias onde estavam todos aqueles que um dia fizeram parte do seu cotidiano.Não achou resposta, apenas desgosto.Aqueles que restaram - se isto pode ser chamado de resto - Só criticavam, atormentavam, magoavam. Quando há limites humanos para determinadas coisas, algumas pessoas conseguem ultrapassar o limite normal da vida. Era o caso dela.
Tudo estava fora do limite, ultrapassado, enjoativo. Nada mudava, e não parecia que um dia mudaria.O vazio que foi juntando-se ao longo do tempo, aumentava a cada badalada do relógio que havia em uma igreja por ali perto de sua escola.Não aguentava aquele badalar enjoativo, ardido, irritante. Seu maior desejo era que algo explodisse em mil pedacinhos aquele maldito sino que anunciava a cada hora que sua sentença de destino estava determinada e não iria mudar.

- Destino. Puff... O que podemos fazer contra ele? - Serena pensava, sozinha, sentada num tronco de árvore que funcionários do colégio haviam derrubado e não deram-se ao trabalho de tirá-lo dali. Gostava do tronco, trazia-lhe o pouco de paz que não sentia em lugar algum, perto de pessoa alguma.

Passou-se 2h desde então, quando novamente badalou-se o sino. Pássaros começaram a agitar-se, o vento soprava forte, trazendo a poeira que encontrava-se no chão, seguindo junto ás folhas que caíam das árvores.Serena começou a sentir-se estranha, um calafrio contornou seu corpo, e junto dele o vazio a dominava.Seu olhar fixou-se em uma árvore próxima dali, alta, verde e velha, e junto dela havia alguém que estranhamente mexia com seu interior supostamente vazio.
Ele era alto, porte médio, cabelo liso preto, olhos verdes hipnotizantes,que causavam-lhe arrepios intensos em que serena perguntava-se o motivo e a circunstância para tal sensação.Era fascinante.Não conseguia desviar seu olhar, apenas queria aproximar-se,tocar, sentir... Saber que ele era real.
Deu-se o sinal para início das aulas, todos corriam para suas devidas salas, enquanto Serena caminhava devagar e sem vontade, com a figura que vira até o momento atrás em seus pensamentos.


[ ...]



Natalia Mendes.

Um comentário:

Após o sinal, diga seu nome, e a cidade de onde está falando.




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